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14.6.10

94.

jean-martino vuvuzella corria sua própria corrida.
em geral, estava entre os retardatários, mas não ligava. o importante, para ele, era competir.
para seus colegas de pista - ele era piloto de fórmula 1 - o importante era que vuvuzella não competisse. mesmo como retardatário vuvuzella era um desastre, pois provocava acidentes entre os primeiros colocados. nunca eram acidentes graves, é verdade. mas era um aerofólio aqui, um pneu ali... ninguém gostava... os torcedores dos outros países detestavam vuvuzella - e os próprios italianos achavam que ele podia desistir, pois vuvuzella já era uma vergonha para um país tão identificado com as corridas.
certa vez, por ocasião do GP da frança, vuvuzella foi recebido na residência de seu grande e velho amigo, monsieur reveillon. mais uma vez, vuvuzella chegara atrasado e, como se não bastasse, em péssima hora.
vuvuzella adentrou a sala de jantar no preciso momento em que monsieur cornichon limpava-se de vinho e todos esperavam ansiosos pelas notícias trazidas por reveillon.
surpreso com o hóspede inesperado, monsieur cornichon, ainda sujo de vinho escorrendo-lhe pelas pernas, foi até a porta recebê-lo, não sem lançar, porém, um olhar grave, gravíssimo, a reveillon.
georges bidé e madame d'abajour permaneceram paralisados, embora triunfantes pelo adiamento das grandes revelações trazidas por reveillon.
os criados prontamente levaram mais um prato à mesa. e mais outro, pois reveillon também sentou-se para o jantar e todos fingiram uma tensa harmonia durante a refeição. entre olhares, todos sabiam da inconveniência de vuvuzella.

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