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21.3.06

9. férias

eu penso q a saudade bateu, mas não por causa do começo das aulas. por causa da velha q mora aqui do lado da casa do desenho. TODOS os dias às SETE da manhã ela começa a fazer barulho. e hj passou tanto dos limites q eu cogitei jogar um saco de mijo na janela da casa dela.

mas vou tentar pensar em coisas boas. de preferência do passado, pq no presente eu só penso em coisas mal-cheirosas atingindo a fachada da casa dela.



esse é o lindo desenho, em daniela. parece q ele é o q faltava pra paisagem ficar mais bonita.





essas são numa ilha q tb pertence a florianópolis. senti o peso da história nesses casarões. até hj me arrepia pensar.



pois é. a saudade bateu e doeu.

8. sonho

na noite passada tive um sonho que pode parecer bobo, mas que, pra mim, foi assustador em diversos momentos. geralmente qdo a gente acorda percebe q o sonho era bobo.

era assim:
eu estava chegando na minha casa, tava no portão, me preparando pra entrar. daí, veio a mara, do big brother, puxou um revólver e atirou contra um ônibus q passava na rua. no sonho eu sabia, embora não estivesse olhando: dentro do ônibus estava o tirana, o cangaceiro da novela mandacau, interpretado pelo victor wagner.
e por que a mara estava atirando no tirana?! pq o tirana era amásio dela e estava com uma gostosa dentro do ônibus. e disso eu já sabia, no sonho, antes de ver. mas, mesmo sabendo, eu me virei e pude ver o tirana dentro do ônibus, de pé, com a garota do lado [gostosa, blusa branca, peituda]. eu me virei pra ver, mas, de medo, eu havia me abaixado [vai saber se o tirana resolve revidar. podia dar tiroteio...].
eu lembro com clareza dessa cena toda. e lembro também q eu sabia q, além do fato de o tirana estar com uma outra garota dentro do ônibus, havia ainda outras coisas q faziam mara ter raiva dele. entre essas coisas, tinha toda uma vida de humilhações a q ele a sujeitava. andar com outras mulheres na frente dela, sem se importar, não era nem metade do desrespeito de tirana para com mara. tirana também era violento. e mara, com medo de simplesmente fugir daquela vida, resolveu matar se opressor. o momento foi aquele. a garota de branco foi a gota d'água.
eu não sei como, mas eu sabia de tudo isso no sonho. de toda a vida pregressa de tirana e mara q provocara aquela situação. mas eu tb sabia mais: eu sabia q mara, logo após o disparo, havia se arrependido. mas não havia se arrependido de matar tirana, mas sim de q talvez não tivesse acertado o alvo. estava arrependida de ter agido com paixão, o q pode ter atrapalhado sua pontaria.
isso significava uma coisa: tirana podia ter sobrevivido ao atentado de mara. e, se isso fosse verdade, mara corria sério risco de vida.
assim, ela me pediu, trêmula de medo, q eu fosse verificar se tirana estava morto ou não.
como era um sonho, já não tinha mais ônibus nenhum, nem mulher de blusa branca, nem tirana baleado ali na minha rua. o tirana, segundo a mara, estaria na casa deles [pra onde ela não voltaria tão cedo, agora era uma fugitiva]. eu deveria, portanto, ir até a casa deles e ver o q havia acontecido com tirana.
chegando lá, ele estava terminando de enfaixar o seu braço. o tiro tinha atingido apenas o ombro do cangaceiro. temi. se ele soubesse q eu era amiga da mara podia ficar com raiva de mim.
mas, para minha surpresa, tirana foi um amor. foi tão querido q, qdo eu vi, parecia q eu tinha uns 8 anos de idade e sentei no colo dele. e ele me ofereceu bolacha recheada, ou vice-versa, o q indicava, no sonho, q nós estávamos nos dando bem.
mas eu ainda temia q ele descobrisse a minha amizade com a mara. e temia, tb, perder a amizade dos dois. por um lado, a mara podia me odiar por ter ficado amiga do tirana. por outro lado, o tirana podia me odiar se soubesse de minhas relações com mara.
assim, me despedi dele e fui pra minha casa, onde eu deveria ficar escondida, como se ela estivesse abandonada. ningém podia me ver. dentro da casa, no entanto, estava o meu irmão. avisei a ele q não podia deixar ninguém saber da nossa presença ali. foi aí q eu escutei aquela voz...
uma voz fina e alta. era a minha prima, ana paula, q mora em tramandaí [na vida real ela realmente mora em tramandaí, mas não tem aquela voz horripilante]:

- úúúúúú-úúúúú

ela fazia assim pra nos chamar.
mas o meu irmão estava se escondendo e não podia ser visto [sim, eu sei q inicialmente eu é q estava me escondendo, mas nesse ponto do sonho ocorre essa reviravolta]. então eu propus a ele q tirasse os tênis, para q ela não escutasse os passos dentro da casa, o q ele fez.
minha prima continuava com aquela voz assustadora, chamando. ela circundava a casa nos chamando. foi horrível.
eu propus ao meu irmão q ele se escondesse no meu quarto q eu a atenderia. ela não ficaria sabendo q ele tb estava lá.
sentamo-nos, eu e ele, no chão do corredor, enquanto escutávamos aquela voz lá fora.

e aí acabou.

assustador, né?
vou colocar o tirana e a mara aqui embaixo, pra vcs verem um pouco do q eu vi. vejam se não formam um belo casal.

20.3.06

7. de volta às tabelas

passei o fim-de-semana entre a confecção das tabelas para a pesquisa e o jogo do roda a roda on line [cujo linque coloquei aqui do lado], com narração do sílvio santos [e com participação da patrícia].
marcus e eu tivemos uma reunião sexta-feira com o benito para tentar sanar algumas primeiras dúvidas q surgiram já no começo dessa nossa longa investida como historiadores. no meu caso, o principal problema era aquele mesmo q já falei aqui: a definição do meu objeto. quem vão ser os integrantes da minha pesquisa?
como eu já disse, consegui uma lista de mais ou menos 400 nomes de pessoas q, em algum momento, foram sócias do partenon literário. o meu negócio era diminuir esse nome para tornar a pesquisa factível [e eu penso q a questão da diminuição até não só pelo tempo, mas também por uma série de outras coisas q eu não sabia muito bem dizer].
após esse sábado e domingo de sol e chuva q passei em cima do computador [o q explica um pouco o post logo abaixo deste...] tenho algumas respostas às minhas questões. talvez sejam ainda respostas parciais, mas eu tenho um horizonte agora.
em primeiro lugar, não adianta eu ficar querendo definir critérios quantitativos para a delimitação dos meus personagens [lugar para onde alguns dos caminhos da minha pesquisa estavam me levando]. a primeira reflexão q tinha q ser feita eu acho q já rolou este fim-de-semana: pq eu preciso delimitar esse grupo? quem eu realmente quero pesquisar?
a resposta tava lá no meu projeto: meu objetivo com essa pesquisa é conhecer um pouco mais a dinâmica do meio intelectual [se é q se pode chamar assim. por enquanto vamos chamar assim.] rio-grandense no século XIX. mas acontece q, no século XIX, as coisas eram muito mais difusas do q hoje. os caras não tinham uma única profissão. e, como o jonas mesmo disse, os políticos em geral se dedicavam à literatura também, em algum momento de suas vidas.
bom... vamos deixar essa parte da história congelada aqui um pouquinho, q eu vou explicar melhor algumas outras coisas q eu andei fazendo... como, por exemplo, tabelas. sempre elas.
fiz inúmeras, de todos os tipos q se possa imaginar. entre elas, fiz também um censo, digamos assim, de quem é q participou das reuniões nos anos de 1872 e 1873 [q são os anos cujas atas ainda existem]. anotei lá numa tabelinha todo mundo q participou de reuniões e quantas vezes participou. só q depois eu não sabia direito o q fazer com aquilo, pq por um lado era uma das únicas informações q eu tinha e q poderia me ajudar a delimitar esse grupo e, por outro, eram informações quantitativas e bobas. tá, eu fiquei com preguiça de pensar em uma palavra melhor do q bobas pra escrever ali. mas foi assim.
como é q eu poderia definir um número de reuniões [por exemplo: 4] e dizer q com uma frequência acima de 4 reuniões [pra pegar o exemplo dado] o cara estava na minha lista de carinhas pra estudar e pra baixo de 4 não estavam? isso não faz nenhum sentido.
então eu resolvi parar de olhar praquelas tabelas todas e pensar NOS CARAS. pensar neles indo lá nas reuniões... em dois anos o cara foi em 4 reuniões. e eu fiquei pensando neles indo e participando e fiquei pensando no q os moveu até lá e q tipo de pessoa eles eram. essas coisas.
aí eu resolvi q, embora o resultado do meu "censo" fosse em números, ele não era um dado quantitativo. ele expressava não só um número de reuniões, mas sim uma forma de se relacionar com a sociedade e com o resto do grupo.
as pessoas q eu gostaria de ter na minha pesquisa, o grupo cujo perfil eu quero conhecer é justamente o grupo de pessoas q, no século XIX em porto alegre, dedicou uma boa parte da sua vida a uma associação literária [no caso o partenon] e levou essa associação a sério como uma parte constituinte da sua rotina e da sua vida. se tinha lá um deputado q foi aprovado como sócio e compareceu a duas reuniões e nunca mais deu as caras em NENHUMA OUTRA atividade em NENHUM OUTRO momento, então esse não é tipo de cara q eu quero incluir na minha pesquisa, mesmo q ele tenha escrito as suas poesias lá no seu quartinho, quando ficava triste. os caras q eu quero são caras q SE ENVOLVIAM. caras q SE DEDICAVAM.
então, se eles se dedicavam vão ter q ter deixado alguma fonte. ou vão ter q ter ido às reuniões, ou vão ter q ter participado de alguma diretoria, ou de alguma comissão, ou vão ter q ter sido lembrados pelos amigos em livros de memória. sei lá. mas esse cara, se se envolveu, alguma coisa deixou. se não deixou, paciência. se deixou, mas essa coisa não existe mais, paciência. toda pesquisa histórica tem essa mesma limitação. não é peculiaridade da minha.
então, sob essa nova perspectiva, tô fazendo uma nova tabela. =))
uma tabela q cruza informações diversas q acabam por dividir os meus amiguinhos em três grupos: o grupo dos "confirmados" [aqueles q, sem dúvida, entram na pesquisa]; o grupo dos "incertos" [aqueles q não entram ainda, mas sim se aparecerem fontes q provoquem uma reviravolta]; e o grupo dos "excluídos" [aqueles q estão fora mesmo. não tem jeito].
no fim das contas, meu objeto é bastante fluido. ele vai sendo criado ao longo do trabalho. bom, por enquanto, tô gostando da maneira como resolvi esse problema. tô pronta pra outros, eu acho.

ah. não deixe de visitar o site do sbt.

18.3.06

6. lista de compras

quando eu tiver dinheiro a primeira coisa que vou comprar é um mac. não posso admitir que pessoas como as que trabalham na microsoft dediquem suas vidas a fazer uma coisa, uma única coisa, ganhem muito dinheiro fazendo essa coisa, e a façam mal feito!
não existe nenhum programa pior do que o microsoft word, que não funciona. ele simplesmente não funciona. e não há nenhuma razão para não funcionar, acontece que de tempos em tempos ele simplesmente fecha. assim, sem motivo algum!
nada funciona.

11.3.06

5. restrições

comecei a restringir minha lista de nomes a pesquisar. está sendo difícil, mas com uma dificuldade diferente da que eu imaginava. não é difícil por ser chato olhar o fichamento de cada ata em busca de quem efetivamente comparecia nas reuniões. essa parte é a mais automática e a mais simples.
o complicado é uma parte que também é de certa forma divertida, por ser um trabalho quase de detetive. é descobrir quem é quem quando as atas não são claras.
eu explico: às vezes aparece ali só o sobrenome, digamos, carvalho. aí eu vou lá na minha planílha e marco um xis no carvalho, que compareceu a uma reunião do partenon. aí, no dia seguinte, aparece o crescentino de carvalho na reunião. tá e aí? é o mesmo carvalho da reunião anterior, ou não?
pra ter certeza desse tipo de coisa eu tenho feito malabarismos e, algumas vezes, não dá nunca pra descobrir. o pior é q eu acho necessário saber quem comparecia na maior parte as reuniões do grupo pra poder determinar quem continua na pesquisa. só permanece quem participa. se o cara é sócio e nunca pintou numa reuniãozinha sequer, então ele não pensava muito a respeito do partenon, não tomava muitas decisões e, portanto, não era o partenon. não fazia o partenon.
outro ponto de dificuldade é estipular uma quantidade de participações em reuniões que eu considere relevante pra que o sujeito passe a ser considerado importante pra associação. quer dizer, eu não pretendo encontrar um número exato de reuniões a q eles devem ter ido pra q signifique q eles eram pessoas participantes das decisões do grupo. não é isso. mas, em geral, nas atas as informações q eu tenho são pouco informativas... são só nomes mesmo...
então se o landell foi a duas reuniões e depois desapareceu, será q ele era significativo pro grupo? será q ele pode ser considerado qdo eu estiver montando o perfil sociológico do grupo? ele pode ter ido só pra ver como é q era, sei lá. daí viu q era meio chato, não era muito a praia dele e nunca mais foi. ou então o landell se mudou pro interior do estado, ou foi pro rio de janeiro estudar e não pôde mais ir às reuniões - no entanto ele seguia trocando correspondências com o apolinário e de vez em quando mandava uns livros e jornais do rio pro pessoalzinho de porto alegre. nesse caso, eu acho q ele era parte do partenon literário sim. no caso anterior eu acho q não.
tem alguns casos q são inquestionáveis, tipo o apolinário porto alegre. ia a todas as reuniões, foi presidente, batalhava pelo grupo. o partenon literário era parte da vida dele. era um projeto pessoal do cara, eu penso.
outro caso: caldre e fião. nas poucas atas q restaram ele pouco aparece. ele quase não ia a reuniões e tal. no entanto o caldre e fião era uma figura importante dentro do grupo pq eu sei q ele até doou uns terrenos pra construir a sede. e eu sei q a sede foi meio q idéia dele. e eu sei q ele tinha várias idéias - deixava a gurizada tocar as coisas pra frente, mas pensava muito em como ajudá-los, orientava. pelo menos é q parece.
agora, vamos supor q tem um zé mané q pouco aparece nas atas. foi a uma meia dúzia de reuniões, sem muita continuidade. de vez em quando ele aparecia. eu posso não saber pq não tem fontes, mas de repente esse zé mané era um cara q, embora não estivesse nas reuniões, costumava encontrar os irmãos porto alegre no teatro são pedro. e, nesses encontros, após algum espetáculo, o cara dava dicas, perguntava pelo grupo, dava livros, ajudava da forma q lhe fosse possível. enfim, pode ser q o cara se importasse e participasse da construção da sociedade mesmo sem ir às reuniões. só q isso eu nunca vou saber.
essa parte, pra mim, é a mais difícil. como definir quem entra e quem sai da pesquisa? às vezes eu penso q só vou conseguir resolver esse dilema na hora de escrever a dissertação. pq vai ser nesse momento q eu vou poder deixar bem claro até q ponto eu consegui chegar, o q as fontes diziam e o q elas não deixavam claro. eu vou poder ser meio natalie davis (até parece!) e dizer: olha, até pode ser q tenha outros fulanos tão importantes qto esses q eu peguei. mas isso, hj em dia, é impossível de saber. o meu perfil do grupo, portanto, é limitado e não é nem um pouco científico - no sentido q muita gente ainda entende a ciência. mas foi o perfil q deu pra conseguir.

4. todo carnaval tem seu fim

depois q a mariana foi embora rolou um sentimento meio quarta-feira de cinzas, mesmo q a quarta-feira de cinzas já tivesse passado há tempo. foi estranho o jeito q tudo aconteceu, principalmente a hora dela ir embora. eu e o desenho ficamos o sábado comentando isso, melancólicos.
eu acho q foi a primeira vez q eu soube o q é uma quarta-feira de cinzas, coisa q nunca fez muito sentido pra mim.
roubei umas fotos do blog do marcus... são do churrasco tri estranho q rolou na noite da ida da mariana.






9.3.06

3. esse deveria ter vindo há uns dias

tenho medo de pensar no dia em q eu tiver q começar a restringir meu grupo de prosopografados. tá, 400 são muitos, não adianta nem tentar. eu nunca conseguiria informações sobre todos eles. mas diminuir esse número envolve uma aproximação com os 400 pra ver quem merece e quem não merece permanecer.
eu tenho tido uma consciência sacana de q esse é o próximo passo. tem q ser. senão como eu vou chegar na primeira reunião com o benito? ele ainda pensa q o número total é 173, mas q eu tô restringindo. imagina qdo ele souber q são 400 e eu não tô pensando muito sobre isso...

* * *

uma coisa q era quase uma dor de cabeça, mas sem ser, me acompanhou ao longo de todo o dia. uma coisa q me enchia o saco e me impossibilitava de dar qualquer explicação sobre qualquer coisa, pra quem quer q fosse.

* * *

no futuro, quero colocar aqui do ladinho da tela, do lado esquerdo de quem olha pra tela, um desenhinho q fiz, pra enfeitar. pode ser q eu coloque do lado direito tb. dificilmente vou conseguir fazer isso sozinha, então, se meu irmão não em ajudar, o mais provável é q fique sem desenho nenhum.

7.3.06

2. falando na banda ridícula da novela da tarde

outro dia eu e o desenho olhamos a novela da dinah. aquela q dá de tarde. a gente lembrava vagamente da história, pq assistimos da outra vez q passou, nos anos 90. o desenho lembrava q a dinah (cristiane torloni) era cobiçável. eu só lembrava q era muito legal essa novela.
aí assistimos. só q a dinah era feia, na verdade. se vestia com roupas super cafonas, largas e leves. aliás, todas as personagens femininas parecem se vestir assim. pelo menos as do núcleo rico e bem resolvido. a dinah, a cunhada da dinah, a mãe da dinah... todas se vestem assim.e os homens do núcleo rico, cujo principal representante é otávio jordão (antonio fagundes) seguem a mesma linha - só q não com vestidos largos e leves, mas sim com o moletom AMARELO jogado nos ombros.
a sensação q deu é q todas as pessoas estavam fora de moda. mas fora de moda de forma gritante, evidente, de modo q até mesmo alguém como EU se deu conta da cafonisse das pessoas. os cabelos eram praticamente intoleráveis. o mais ridículo, no entanto, era a banda: muitos, muitos roqueiros numa garagem. para mostrar aos telespectadores q se tratava de uma banda de rock, optou-se por um visual que incluia bandanas, calças estampadas com bandeirinhas dos estados unidos, óculos com lentes coloridas e cabelos longos e/ou arrepiados. as camisetas eram invariavelmente rasgadas. claro, era uma banda rock.

- cara, eu penso q a nossa banda tem tocar rock pauleira.

- ah, eu já acho q tem q ser música brasileira. eu acho q não tem nada a ver tocar música americana.

entra um terceiro personagem na conversa, q conclui o impasse de forma inquestionável:

- olha só: o público gosta de todo tipo de música... então eu acho q a gente tem q agradar o público e tocar um pouco de tudo nos shows... um pouco de música americana, um pouco de rock pauleira e um pouco de pagode. só assim a gente vai ficar famoso.

os outros, em coro:

- é isso aí, cara!! então vamos ensaiar!!!

1. considerações

por algum tempo vivi uma certa fixação pela minha pesquisa. não fazia mais nada q não se referisse a ela, apesar da preguiça de frequentar arquivos no verão. e, mesmo sem ir ao arquivo, minhas atividades domésticas se resumiam a procurar os nomes dos sujeitos q estudo na internet. detalhe: são mais de 400 pessoas.
organizei obsessivamente as 4 tabelas q vou precisar ao longo desse ano, em ordem alfanumérica. depois, procurei um a um no google.
reconheço q é uma fase introspectiva pela qual estou passando, já há algum tempo. com a vinda da mariana para porto alegre nesses dias, a coisa mudou de figura, a despeito do meu pouco jeito pra ocasiões sociais. talvez lamentavelmente [?] eu tenha perdido o jeito pra isso. ou talvez eu nunca tenha tido mesmo.
mesmo quando estou ocupada em me distrair, meu pensamento sempre acaba caindo nos 5000 campos das tabelas q preencherei no decorrer do ano. meu desejo é q eles estejam completos, repletos de informações. a partir da semana q vem volto com marcus pro arquivo.
eu quero mapas da cidade no período em q eles viviam aqui. eu quero saber onde eles moravam e o q eles faziam.
e eu sinto q isso torna minhas conversas demasiado restritas, pois é um assunto absolutamente desinteressante para a maioia das pessoas. é quase um autismo. talvez a maioria das pessoas pense q é quase uma genealogia, o q eu faço. uma enfadonha genealogia.
e eu, eu não vejo mais porquê falar de música, por exemplo, se todo mundo já sabe q o q eu gosto de ouvir não existe mais há cerca de 40 anos e, provavelmente, esse gosto não vai mudar tão cedo. não se depender das bandas novas. eu não quero falar sobre o q todo mundo já sabe a respeito, por exemplo, dos beatles. a única coisa q pode me fazer falar de música hj em dia são boleros e tangos pré-piazzola. mas mesmo assim daria muito trabalho começar a conhecer essas coisas. em rodas de pessoas onde o assunto predominantemente é música eu já estou na fase de calar. ou então comentar como é ridícula a banda q aparece na novela q dá de tarde.
ainda sinto de certa forma a mesma fixação pela pesquisa, só q agora de um jeito mais preguiçoso ainda. agora tenho preguiça de abrir as tabelas. o word vai demorar pra abrir, todos sabem. não é mais só uma antiga e até estimada preguiça de ir pro centro pesquisar. aquela q já era inseparável de mim. agora é uma coisa profunda e imobilizante. talvez seja o reflexo de uma semana de um ritmo intenso demais pra mim. fui em mais festas nessa semana do q em todo o ano passado [?].
as pessoas da minha idade gostam de comentar festas q frequentaram. eu gosto de falar q seria desejável pra mim morar num barco. e eu tb quero aprender a cozinhar - e cozinhar coisas saudáveis. pode ser o começo de um longo processo q me transformará em uma mulher de trinta anos.
ok, vou abrir minhas tabelas.