Páginas

18.11.09

73. bourdieu em alvorada?!

"não contentes em não deter pelo menos alguns dos conhecimentos ou maneiras valorizados no mercado dos exames escolares ou das conversas mundanas e em não possuir senão habilidades ou saberes que não têm nenhum valor nesses mercados, não contentes, em resumo, em estar despojados do saber e da boa educação, eles são ainda aqueles que 'não sabem viver', aqueles que mais se sacrificam pelos alimentos materiais, e pelos mais pesados, mais grosseiros e os que mais engordam - pão, batatas e gorduras - pelos mais vulgares também, como o vinho; aqueles que destinam menos ao vestuário e aos cuidados corporais, aos cosméticos e à estética; aqueles que 'não sabem descansar', que 'encontram sempre alguma coisa para fazer'; que vão fincar sua barraca nos campings superpovoados, que se instalam para fazer piquenique à beira das estradas, que se metem com seu renault 5, ou seu simca 1000 nos engarrafamentos das saídas de férias, que se dedicam aos lazeres pré-fabricados concebidos em sua intenção pelos engenheiros da produção cultural em massa; aqueles que, por todas essas escolhas tão mal inspiradas, confirmam o racismo de classe, se for preciso, na convicção de que não têm senão aquilo que merecem."

13.11.09

72.

ontem à noite me entristeci sinceramente porque teria de deixar campinas muito em breve.
ontem? não, anteontem.
bom, o fato é que hoje eu penso que talvez campinas já tenha dado o que tinha que dar mesmo. já estou bem de saco cheio e o bom vai ser poder voltar quando não mais houver conhecidos por aqui.
é intrigante como as coisas são. mesmo tendo tentado desenvolver o comportamento mais antisocial possível, os bolos sempre acabam chegando até a gente. detesto gastar meu tempo com tematizações sobre a vida ordinária, a minha ou a de outras pessoas, o que provavelmente me torne mais desinteressante do que a maioria gostaria, mas eu realmente me incomodo sobremaneira com boa parte das coisas consideradas relevantes pelo restante dos seres humanos, talvez em especial os acadêmicos.
em primeiro lugar, porque não gosto que a vida fique tensa e chata, e sei que ela não precisa ser assim. também não precisa ser uma competição sobre todo e qualquer pormenor mais esdrúxulo e mesquinho. acredito, em terceiro lugar, que existe um milhão de assuntos mais interessantes do que a própria vida ou a dos outros (a menos que haja alguma espécie de narrativa lúdica com valor em si). em quarto lugar, acho que nem tudo que é do jeito que é precisa ser desse jeito: os comportamentos são inventados e as pessoas podem inventar como vão se relacionar, como vão lidar com as coisas, como vão ser. não existe uma verdade, uma moral ou qualquer coisa que diga como eu devo agir em relação aos assuntos mais envolvidos em tabu. ok, sei que é óbvio, mas nem sempre parece. ainda bem que eu tenho o desenho e ele sabe que é assim. and you never leave me and you know it's true / cause you like me too much and I like you.
bom, eu não tenho mais saco pra campinas, chegou a hora de voltar.
ainda levará alguns longos dias, mas não pretendo gastá-los com absolutamente nada que me incomode e que não me cause prazer. talvez eu não tenha sido suficientemente antisocial. é bem provável que não.
bom, campinas foi uma experiência interessante para pensar as relações humanas. aprendeu quem quis, quem não quis se fudeu, colega.
eu sei que valorizo cada dia mais o desenho.
e também valorizo cada dia mais quem eu sou e as coisas nas quais eu acredito.
essa noite foi uma péssima noite e eu não consegui dormir direito. dormi apenas poucas horas. sinto falta do carlos. daqui a pouco começa a obra e eu não vou conseguir dormir. me sinto sobrecarregada, mas não de atividades acadêmicas, livros ou de trabalho no arquivo. me sinto de saco cheio.
bom, como eu li por aí, as cidades servem pra ser abandonadas. qualquer um que se apega demais a uma cidade se torna um chato e esse tipo de chato eu não pretendo ser. afinal, o tipo de chato que eu vou ser é um direito meu, né?
em todo caso, chega de feira de vaidades, caretices e chatices diversas. chega de gente caretona. chega de peso nos ombros.
provavelmente hoje vai ser um dia em que vou estar muito de mau humor. um belo dia, sem bom humor.
eu vou ser o chato que bota vídeos que só tem a música.

6.11.09

70. eu também admiro paul mccartney enquanto homem

eu acho que ele é gostoso.
se ele, em 1967, fosse argentino, nem sei.
em hello, goodbye, ele está lindo. e sei que rolou um homoerotismo por parte do tiago em relação a ele ao ver aquele clipe. em strawberry fields forever ele, ainda por cima, aparece de bigode. eu prefiro homens de bigode. e com o peito peludo, óbvio.
e ele se veste bem, embora seja de uma forma insólita. mas ele combina muito bem as cores, como se pode ver em strawberry fields forever.
a parte em que ele, de amarelo, pula em uma árvore e o john aparece filmando é seguida de um close em seu rosto encantador e sensual. não por acaso, ele está de bigode.
em the fool on the hill ele está uma gracinha também. na parte do trem ele usa um colete trimassa, que combina absolutamente com um delicado chapéu. por debaixo de tal artefato cabecístico, seus frondosos cabelos castanhos, exibindo o corte masculino mais gracioso já visto.
que atire a primeira pedra quem não se sentir sinceramente erotizado com uma imagem como esta:

como eu dizia, repare que este belo conjunto "vinho" que ele elegantemente traja não é mais considerado de bom gosto aos olhos dos homens atuais, sejam eles homersimpsons ou metrossexuais! aliás, as próprias mulheres modernas não veem graça nenhuma em um homem trajado de vinho. eu acho que isso torna o paul ainda mais homem.
em the fool on the hill também podemos ver algo do olhar sedutor de paul. contudo, penso que este olhar, certamente da escola josé mayer, fica mais evidente e adquire sua maturidade - talvez plena - em hello, goodbye. ok, não estou respeitando a histocidade dos eventos, mas foda-se. pretendo mesmo continuar manipulando as aparições de paul a meu bel-prazer a fim de convencer o maior número possível de pessoas de que ele deve ser admirado enquanto homem ainda nos dias de hoje.
mas não estou mais afim de fazer isso agora. cansei. vou dormir.