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1.7.10

110. a retomada lenta da tese

retomarei o ari martins esta semana. mais cedo ou mais tarde vou ter de sentar e refletir sobre essa fonte, que eu considero ao mesmo tempo fascinante, cheia de possibilidades, e tão complicada de trabalhar.
nada melhor para pensar sobre ela do que utilizá-la, penso eu. recortei meu período. por ora, vou trabalhar com a década de 1900, apenas. e já é muito! além do mais, foi a década em que homero prates, álvaro moreyra e felipe d'oliveira ainda viviam em porto alegre, e trabalhar com o livro do ari martins vai ser importante pra conhecer o campo literário porto alegrense (gaúcho, quiçá) durante este período.
a grande questão é que todo mundo usa o livro dele - ótimo, diga-se de passagem - com a única finalidade de buscar uma outra referência sobre um ou outro escritor. era exatamente o uso que até agora eu vinha fazendo dele.
entretanto, penso que essa é uma fonte muito mais rica. é um banco de dados, e como todo banco de dados pode ser utilizado de variadas formas. não consta nele unicamente informações sobre escritores, mas também sobre editoras, números de publicações, cidades onde mais se publicava etc. o problema é que este banco de dados, embora contenha estas informações, não foi pensado para fornecê-las. não há, ainda, nenhuma nota sobre como o autor produziu seu banco de dados - buscou referências onde? jornais, revistas? quais? outras obras? de quais autores? bibliotecas particulares? de quem? há outros documentos de referência? se sim, quais?
tudo isso seria crucial para saber que tipo de fonte ele JÁ consultou e que outras ficaram pra trás - até por não servirem ao objetivo central da obra.
além disso, como banco de dados, se presta pra algumas coisas, mas não pra outras, e é muito importante saber direitinho pra que ele serve e pra que ele não serve. sim, ele possui todas aquelas informações. mas ele não conta, por exemplo, com publicações de escritores não gaúchos, mas que publicaram por editoras daqui. hoje em dia, nem sei mais que tipo de fonte eu poderia utilizar para descobrir esses dados, mas de todo modo seria crucial para retirar o caráter restritivo que a obra acabou tomando - obviamente isso não chega a ser uma crítica, já que construir um bando de dados desta monta sem computador é um grande, grandessíssimo feito.
entretanto, pensando nas perguntas que podem ser feitas hoje, no atual estado de ânimos da história dos livros, da leitura, intelectual, das ideias, cultural, social da cultura ou seja lá que tipo de história se pense em fazer que vise recuperar informações sobre o campo intelectual e editorial no rio grande do sul do passado, uma pergunta bastante relevante seria a de que porcentagem de autores nascidos fora do rio grande do sul, ou moradores de fora do rio grande do sul, chegaram a publicar por editoras daqui. isso não é possível descobrir com o livro do ari martins.
outro aspecto controverso com o qual é preciso lidar é o fato de que nem todas as informações constam em todos os registros (por exemplo, editora, cidade etc) e não há nenhuma explicação para tal ausência. seria falta de fontes? ou o livro não foi mesmo publicado por nenhuma editora ou tipografia (nenhuma tipografia "assinou" a edição do livro), como podia acontecer no século XIX?
se, por um lado, não há informações - não completas e sistemáticas, ao menos - de autores não gaúchos que publicaram no rio grande do sul, por outro lado há referência a publicações de autores gaúchos em outros estados. o que não foi informado é o local onde o ari martins localizou tais informações, ou que critérios utilizou para incluir estes escritores e não outros - já que, evidentemente, ele não buscou todos.
bueno, por enquanto é só o que sou capaz de pensar... quando estiver com todos os dados quem sabe faço algum comentário sobre isso aqui ;)

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