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8.3.10

78.

monsieur reveillon entrou retumbante na sala de jantar.
paralisando seus talheres no ar, madame juliette d'abajour olhou faiscante para george bidé. seu segredo seria finalmente revelado diante de todos, inlcusive do marido, monsieur cornichon?
todos voltaram-se para reveillon, a espera. os olhares fixos, as bocas entreabertas, os cabelos bem penteados já não importavam mais. reveillon permanecia parado, sério, quase desaforado.
um som agudo de cristais partindo foi seguido por um grito de madame d'abajour. a luxuosa e cintilante toalha sobre a mesa cuidadosamente posta agora continha uma larga mancha de vinho tinto, a escorrer por sobre a fina calça branca de monsieur cornichon.
madame d'abajour tremia, por entre lágrimas. era evidente seu estado de nervos.
george bidé levantou-se ansioso, a recolher os cacos da taça quebrada, esfregando avidamente um delicado guarnapo de linho inglês por sobre a mancha de vinho.
monsieur cornichon levantou-se constragido pela mancha na calça, passando sobre as partes sujas os dedos desajeitados. olhando inseguro para monsieur reveillon, finalmente disse:
- e então, mon ami? que notícia nos trazes?
monsieur reveillon aproximou-se lentamente, o chapéu nas mãos. george bidé massageava ternamente os ombros tensos de madame d'abajour.

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